Desconforto Benéfico
É o tipo de desconforto decorrente de eventos internos desagradáveis (pensamento, sentimento, emoção, sensação) que fazem parte da experiência humana, mas não colocam a saúde em risco e as ações que geram o desconforto são alinhadas com os valores pessoais.
Estressores em pequenas doses podem ser saudáveis.
Na fisiologia e toxicologia há o conceito de “hormese”. De forma simplificada podemos entender que é um fenômeno biológico em que a exposição a uma pequena quantidade de um estressor ou substância potencialmente prejudicial induz uma resposta adaptativa benéfica em um organismo.
Exemplos:
Sentir-se ansioso(a) antes de realizar uma apresentação. O desconforto benéfico é lidar com a ansiedade para ter o benefício de fazer uma apresentação em público.
Sentir frio ao tomar banho gelado. O desconforto benéfico é lidar com o frio para ter o benefício de um banho gelado.
Podemos ser intencionais ao realizar ações com desconfortos benéficos. Por isso chamo de Desconfortos Benéficos Intencionais (D.B.I.).
Eles servem para:
Ganhar novas perspectivas e experiências.
Ir em direção ao que importa, seus próprios valores.
Aumentar satisfação: ter parâmetro de comparação para reconhecer privilégios e situações mais favoráveis do dia a dia.
Aumentar confiança: melhorar nossa autoimagem por percebermos o que somos capazes.
Aumentar motivação: superar desafios pode nos dar motivação.
Conhecer limites: aprender mais sobre nossos limites e quais podemos adaptar.
Ganhar resistência e resiliência: praticar lidar com pequenas situações desconfortáveis e difíceis.
Aumentar flexibilidade psicológica: habilidade de se adaptar a situações difíceis enquanto permanece fiel aos seus valores.
Desconforto Prejudicial
Se um desconforto gera prejuízos à saúde ou a ação está desalinhada com os valores pessoais, ele se torna prejudicial.
Exemplo:
Ficar numa banheira de gelo até sentir hipotermia para desejar apreciação de outras pessoas.
Conforto Prejudicial
Quando renunciamos a experimentar desconfortos benéficos, devemos tomar cuidado para não cairmos em um conforto prejudicial.
Classifico assim toda estratégia de evitação que utilizamos para lidar com eventos internos indesejados e que gera sofrimento adicional:
prejudica a qualidade de vida a longo prazo, ou
é desalinhado com valores pessoais, ou
inibe nossa flexibilidade psicológica: capacidade de se adaptar a diferentes situações de maneira eficaz.
Exemplos:
Evitar falar em público por sentir ansiedade e medo de ser julgado.
Reprimir a tristeza por medo de parecer fraco(a).